quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Um Cego na Calçada

      "Um cego, na calçada, esperava por alguém que o ajudasse a atravessar a rua. Ofereci-lhe os meus préstimos e agradeceu. Era um homem de uns 60 anos. Bem vestido. Não era um mendigo. Tinha, no entanto, um ar de tristeza no rosto.
      No meio da travessia, agarrou-me mais fortemente o braço, encostou levemente a cabeça no meu ombro e começou a chorar. Era um gemido silencioso.
      Ao chegarmos ao outro lado da rua, perguntei-lhe se estava se sentindo mal. Respondeu-me de uma forma suave, muito consciente - percebia-se que era um homem inteligente - que não se sentia mal, no conceito comum da palavra, mas que estava sentindo um grande mal na alma.

      E acrescentou textualmente:

- Sinto-me só, muito abandonado. E a solidão é pior do que a cegueira. Quando se é cego e alguém lhe acompanha com carinho, há sempre uma luz por dentro. O pior é quando tudo está apagado. Isto é o que acontece comigo: falta-me carinho.

      Impressionou-me extraordinariamente e perguntei:

- Posso ajudá-lo em alguma coisa?

- Não. Ore por mim, acrescentou. Será uma boa companhia."
 
(Autor Desconhecido)

Nenhum comentário: