sexta-feira, 4 de dezembro de 2009

Conto Antigo

     Um moço casou-se e seu pai doou-lhe toda a fortuna que possuia. Para que a queria? Iria viver com os recém-casados, compartilhar de suas alegrias, remoçar-se com seus filhos. E assim foi o primeiro ano. No segundo, já era avô. Porém, seus achaques cresciam, como também crescia o netinho, a ponto de chegar uma dia em que não podia andar sem apoio.
     A nora, vendo-o naquele estado, dizia constantemente ao esposo: "Se teu pai continua morando conosco, eu também acabo adoecendo. Não posso mais suportar aborrecimentos..."
     O esposo, finalmente, dirigiu-se a seu pai e disse-lhe: "Pai, é melhor que te afastes de nós. Já fiz muito por ti. Sai e vai para onde quiseres."
     Respondeu o ancião: "Filho meu, não me expulses de tua casa! Sou velho, estou enfermo e ninguém me recolherá!"
     Retorquiu o ingrato: "Não é possível. Sai porque minha mulher assim o quer".
     "Que Deus te abençoe, meu filho. Partirei, já que assim o desejas; porém, ao menos, dá-me uma manta, pois estou a morrer de frio."
     O esposo chamou o filhinho e ordenou-lhe que fosse à cocheira e desse ao avô uma manta dos cavalos para abrigar-se. O rapazinho foi ao estábulo com seu avô, escolheu a melhor manta, dobrou-a pela metade e, fazendo com que seu avô a segurasse por uma das extremidades, começou a cortá-la!
     "Que estás fazendo, netinho? Teu pai mandou que m'a desses inteira. Vou queixar-me a ele". E foi.
     "Dê-lhe a manta inteira", disse o moço ao rapazinho.
     "Isso não", contestou o rapazinho. "A outra metade quero guardar para dar-te quando eu for maior e expulsar-te de casa..."

                                               Autor desconhecido

                  Capítulo extraído do livro "Amor e vida em Família"
Geziel Andrade e Autores Diversos, Editora EME.